100 anos da Disney: conheça a história do estúdio

Curta Disney 100 anos

Em 2023, a Disney completa 100 anos. Ao longo de sua história, a empresa de Walt Disney saiu da pequena produtora de curtas do ratinho Mickey para o maior estúdio de animação da história do cinema, dona de filmes, músicas e personagens icônicos, que marcaram para sempre o mundo da cultura pop. 

Em seus 60 filmes, a Disney já experimentou diferentes estilos de animação, indo do 2D para o 3D, abordou narrativas de múltiplas maneiras, mudou seus valores e visões e conquistou seu espaço no mercado. Sua trajetória é recheada de grandes e impressionantes feitos.

infográfico disney
Infográfico com alguns dos momentos mais marcantes da Disney

100 anos de história para contar foi dividida em diferentes eras, cada uma com sua característica, acertos e erros. A seguir, você acompanha todas elas, do primeiro filme até o último lançado até agora. 

A Era de Ouro da Disney (1937- 1942)

Branca de neve e os sete anos - filme Disney
Trecho de filme "A Branca de Neve", de 1937 (Imagem: Reprodução/ Disney)

“Branca de Neve” abre a primeira era da Disney trazendo uma princesa e outras novidades na indústria, como ser o primeiro filme dos Estados Unidos a ter um álbum musical. 

O orçamento inicial de 250 mil dólares (já considerado elevado para a produção de animações, que ficava na faixa de 25 mil) foi engrandecido por investimentos feitos pelo próprio Walt Disney, chegando a 1 milhão e 500 mil dólares. Os custos são justificados pelo processo de produção, que envolveu cenas feitas e pintadas a mão a partir de modelos vivos, que recriaram as cenas dos storyboards, uma espécie de rascunho desenhado. 

Walt Disney foi extremamente desencorajado por todos ao seu redor, mas sua insistência resultou em um lançamento estrondoso, sucesso de crítica, público e bilheteria,  considerado um dos grandes clássicos do cinema até hoje. A Disney iniciava uma longa jornada, feita de altos e baixos, que a levaram a ser a referência no ramo das animações que é hoje. 

O segundo filme produzido foi “Pinóquio”, que mostrou a ambição de Walt Disney ao trazer diversas inovações tecnológicas, como noção de planos, reprodução de profundidade e animações da água. Apesar de ter conquistado o público e a crítica, não teve o retorno financeiro esperado, muito devido ao período que o filme foi lançado: o da Segunda Guerra Mundial, ou seja, o público não ia mais ao cinema com a frequência de antes. 

Mas isso não desmotivou Walt Disney, pelo contrário, ele parecia estar mais ambicioso do que nunca, gerando o lançamento de “Fantasia”. Considerada uma das melhores animações da história,o objetivo inicial era produzir um curta do Mickey para voltar com a sua popularidade, mas o projeto foi crescendo até se transformar em 8 curtas, todos acompanhados por uma trilha sonora de música clássica, produzida por Leopold Stokowski e performada por ele e sua orquestra, a “orquestra da Philadelphia”, uma das maiores dos Estados Unidos. 

O investimento foi alto, mas o retorno não foi o esperado, tanto pela guerra quanto pela opinião do público, que não se conectou com o longa, gerando um prejuízo ao estúdio. Dois retornos fracos levaram a Disney a “jogar no seguro”, nascendo assim “Dumbo”, um filme simples em sua animação, roteiro e até mesmo em duração, com apenas 64 minutos, sendo o filme mais curto do estúdio. 

A “Era de Ouro” se encerra com “Bambi”, que fecha o período com um saldo positivo, mesmo que a bilheteria tenha sido prejudicada pela guerra. Aqui, o conflito já afetava os filmes, mas na próxima era a influência era tão grande que ele praticamente a moldou. 

A Era da Guerra ou a Era dos Filmes Pacote (1942 - 1949)

Trio de personagens (da esquerda para a direira) Zé Carioca, Panchito e Pato Donald (Imagem: Reprodução/Disney)

A Segunda Guerra Mundial teve um grande impacto na Disney. Houve um grande prejuízo financeiro nesse período, já que, como dito anteriormente, o público não ia ao cinema, mas também porque diversos países pararam de receber os filmes para exibi-los. A produção também foi afetada, com animadores sendo convocados para lutar na guerra e estúdios sendo transformados em bases militares. 

Com a tendência da propaganda de guerra crescendo, os Estados Unidos encomenda com o estúdio curtas com esse fim. Assim, essa época é marcada por diversos curtas com essa temática, que hoje em dia são vistos com um olhar crítico. 

O pagamento recebido por essas encomendas pagava as contas do estúdio, mas impedia avanços tecnológicos e obrigava Walt Disney a  engavetar projetos. Para não ficar preso apenas em curtas, o criador do estúdio começou a criar filmes pacotes, que reuniam diversas obras desse tipo sem necessariamente serem interligadas. 

Entre os filmes pacote, os mais famosos são “Olá amigos” e “Você já foi à Bahia?”, que ganharam grande popularidade no Brasil por trazerem o primeiro personagem brasileiro: o papagaio Zé Carioca. Os filmes reúnem curtas ambientados em países da América Latina, traznedo personagens como o mexicano Panchito. 

Explorar o mercado da América do Sul foi uma aposta tanto da Disney quanto do governo norte americano. Os países daqui eram uns dos poucos que recebiam filmes, o que era interessante para o estúdio. Ao mesmo tempo, para os Estados Unidos, eles eram potenciais aliados de guerra, e os filmes poderiam estabelecer essa relação. 

Outros filmes pacotes dessa época são: “Música, maestro!”, “Como é bom se divertir”, “Tempo de Melodia” e “As aventuras de Ichabod e o senhor sapo”, o último nesse estilo. 

A Era de Prata da Disney (1950 - 1967)

Cinderela princesa Disney
Icônico momento da transformação do vestido de Cinderella (Imagem: Reprodução/ Disney)

Com o fim da guerra, as coisas voltaram a se normalizar para a Disney. Estava na hora de organizar a casa. 

O primeiro filme após a era dos filmes pacote foi “Cinderela”, uma grande aposta do estúdio para reconquistar o público. Considerado o segundo maior sucesso depois de “Branca de Neve”, o longa da gata borralheira salvou a Disney das dívidas e ganhou a simpatia do público e da crítica. 

“Alice no País das Maravilhas”, “Peter Pan” e “A Dama e o Vagabundo” (o único filme até então totalmente original, sem um livro para se basear) sucederam o fenômeno, que entre altos e baixos, não conseguiram atingir o mesmo sucesso. As apostas da Disney estavam em mais uma princesa: “A Bela Adormecida”

O filme carregava uma grande pretensão. Tinha uma proposta moderna, mas ainda com elementos clássicos, e muita inovação nas técnicas de animação. Tanta novidade levou a 8 anos de produção, e quando foi lançado, ele não foi só um simples fracasso, foi a primeira vez em que a Disney teve prejuízo com um filme. 

Com um impacto desses, era a hora de recuar e se manter na simplicidade. Assim, nasceram “101 Dálmatas”, um grande sucesso, e “A Espada Era a Lei”, o primeiro filme sem a participação de Walt Disney, que foi esquecido tanto na época quanto atualmente. 

Com o fracasso do filme anterior, Walt Disney decide voltar para a produção do próximo longa: “Mogli, o Menino Lobo”. Esse, porém, seria o último filme que o fundador do mundo mágico da Disney participaria. Walt Disney faleceu em 1966, em decorrência de um câncer de pulmão. A obra foi lançada em 1967, sem que ele tivesse a oportunidade de assisti-la finalizada. 

A morte do grande líder foi um baque a todos envolvidos na Disney, mas principalmente a aqueles envolvidos na produção dos filmes. Sem o criador para dar ao menos uma opinião, a crise foi inevitável. 

A Era de Bronze ou A Era das Sombras ( 1970 - 1988)

Aristogatos filme Disney
Aristogatos, de 1971 (Imagem: Reprodução / Disney)

Não era só a ausência de Walt Disney que despertou o alerta vermelho na empresa. Ao mesmo tempo, vários dos animadores mais antigos da casa se aposentaram ou saíram por outros motivos. Para piorar, a nova direção tinha como foco o lucro, o que levou a grandes cortes de gastos.

O primeiro filme a ser lançado foi “Aristogatos”, que já tinha sido aprovado por Walt Disney antes de sua morte. O sucesso do filme foi importante para o estúdio restabelecer a sua confiança, que continuou com a boa recepção do público com os filmes seguintes: “Robin Hood”, “As aventuras do Ursinho Pooh” e “Bernardo e Bianca”

Os problemas começaram a aparecer em “O Cão e a Raposa”. Na produção desse filme, houve um grande conflito de valores e visões entre os animadores novos e antigos. Foi também o primeiro completamente independente do Walt Disney, já que os anteriores eram ideias engavetadas por ele. Quando saiu, as críticas apontavam que a Disney havia perdido a sua essência. 

A crise se agravou com o lançamento de “O Caldeirão Mágico”. Em uma tentativa de trazer os antigos valores da Disney de volta, o filme acabou sendo na verdade muito diferente de tudo produzido até então, principalmente pelo seu tom mais sombrio. Foi um fracasso imediato, e até hoje é uma das obras quase que completamente esquecidas do estúdio. 

Os filmes lançados em seguida tentaram se manter em um terreno seguro, e conseguiram, conquistando a simpatia do público. São eles “As Peripécias do Ratinho Detetive” e “Oliver e a sua Turma”.  

Uma das eras mais instáveis do estúdio até então termina com uma decisão importante: um lançamento de filme por ano. A partir de então, a Disney parece deixar toda a sua crise para trás e entra em sua era mais icônica. 

A Era da Renascença da Disney( 1989- 1999)

O Rei leão filme disney
Momento da música "Hakuna Matata", de O Rei Leão (Imagem: Reprodução/Disney)

Depois de tentar trazer de volta o estilo das animações antigas, a Disney percebeu que precisava de novos ares. Ela então estabelece uma nova fórmula para praticamente todos os filmes da sua nova era, e deu tão certo que trouxe os personagens, histórias e músicas mais clássicos e amados da história do estúdio. Foi na Era da Renascença que a Disney se consagrou como a gigante das animações que é. 

O grande sucesso dessa era se deve a alguns fatores além da inovação, como o espaço dado a novos animadores, que trouxeram o ponto de vista do público jovem da época, e nomes de peso envolvidos nas produções dos filmes, principalmente na parte musical, que contou com nomes como Alan Menken, Elton John e  Hans Zimmer. 

A era começou com um elemento clássico da Disney: a história de uma princesa. Vinda depois de 30 anos de Aurora, Ariel, em “A Pequena Sereia” trouxe de volta essas protagonistas, que dominaram a renascença do estúdio. Aqui, grandes momentos musicais inspirados nos espetáculos da Broadway já apareceram, incluindo os solos, que se tornaram uma marca registrada da empresa. 

O sucesso imediato não seguiu para a próxima produção. “Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus” parece estar perdido no meio dos clássicos desta era, já que sequer é um musical. A primeira sequência da Disney caiu rapidamente no esquecimento.

Porém, o público voltou a ficar encantado com “A Bela e a Fera”, filme que consagrou a fórmula, seguido de “Aladdin”, a maior bilheteria do ano que foi lançado, e “O Rei Leão”, considerado por muitos o melhor filme da Disney. Curiosamente, a história de Simba era um plano B do estúdio, que trabalhava ao mesmo tempo em “Pocahontas”, que apesar de receber mais atenção, não teve o retorno esperado, muito pelas polêmicas que se envolveu. 

“Corcunda de Notre Dame” repetiu o desânimo do público, muito por ter um tom mais sombrio. O sucesso voltou aos poucos com “Hércules”, mas ainda estava abaixo das expectativas. 

Depois de três filmes considerados medianos, “Mulan” veio para elevar novamente a moral do estúdio. O impacto da guerreira foi tão grande que levou a Disney a criar uma terceira categoria para uma protagonista fazer parte da franquia princesa: além de nascer na realeza ou casar-se com alguém pertencente a ela, a protagonista se qualifica se realizar um grande ato heróico. 

A era fecha com mais um grande sucesso: “Tarzan”. O filme chegou próximo a estrondosa bilheteria de “O Rei Leão”, evidenciando seu grande impacto. 

A Era Pós Renascença (2000 - 2008)

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Lilo e Stitch, de 2002 (Imagem: Reprodução / Disney)

Com tantos sucessos e consagrada no mercado, a Disney se sentia confortável para voltar a arriscar. Porém, dessa vez não colheu bons resultados. A nova era acabou reunindo os filmes mais esquecíveis do estúdio. 

A primeira aposta foi “Fantasia 2000”, uma espécie de continuação do clássico da era de ouro e nos mesmos moldes.Mesmo que tenha o famoso curta do Mickey feiticeiro, ele não chegou nem perto do sucesso do primeiro. 

Os fracasso continuaram em “Dinossauros”, feito inteiramente de CGI e com animação 3D, uma novidade da época, “A Nova Onda do Imperador”, um filme que ganhou o público brasileiro por causa de sua dublagem, mas ao redor do mundo acabou passando batido, e “Atlantis”. A maré de azar deu uma trégua com o lançamento de “Lilo e Stitch”, que mesmo sem músicas, cativou o público com  seus personagens e relações familiares.

Porém, o grande sucesso foi uma exceção. “O Planeta do Tesouro”, lançado no ano seguinte, sequer conseguiu se pagar. “Irmão Urso”, apesar de ter um retorno melhor, não foi algo expressivo, assim como “Nem que a Vaca Tussa”. “O Galinho Chicken Little”, mais uma aposta de filme 3D, também teve um baixo desempenho, características que compartilha com “A Família do Futuro”

Uma era confusa, marcada por filmes esquecidos e de muita experimentação se encerra com “Bolt, o supercão”, que por mais que não seja um grande sucesso, teve uma repercussão mais positiva do que seus antecessores. Foi o terceiro lançamento seguido que usou de animação 3D, característica que viria para ficar na próxima fase. 

A Era Revival (2009 - 2016)

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O fenômeno Frozen, de 2014 (Imagem: Divulgação/Disney)

Depois de experimentar, era a hora de consolidar. A Disney precisava voltar aos trilhos, e a maneira que achou para começar novamente foi a mais clássica do estúdio. 

“A Princesa e o Sapo” traz a primeira princesa e protagonista preta da Disney. Uma animação 2D, ela ganhou a aprovação do público mas não como o esperado, muito pelo boicote que o filme sofreu por causa da representatividade que traz. 

Não tendo o resultado esperado com Tiana, a Disney decidiu voltar à renascença e buscar sua antiga fórmula, e aplicando mais um vez em um filme de princesa. Dessa vez, a escolhida foi Rapunzel, em seu filme “Enrolados”. O longa tem os elementos clássicos de sucesso garantido: uma princesa, músicas, personagens animais, etc, mas inovou ao apostar no humor e em um príncipe fora do padrão, mostrando a tendência dessa era em explorar novas maneiras de contar as histórias. 

A Disney finalmente teve o seu retorno, que não continuou com o próximo lançamento: “Winnie the Pooh”. A última animação 2D da Disney é tão esquecível que esse título foi atribuído a “A Princesa e o Sapo”. A indiferença não continuou em “Detona Ralph”, que ao trazer um vilão como protagonista e uma ligação com o público jovem por meio dos vídeo games, conquistou uma boa bilheteria. 

Mas nada se compara ao sucesso do próximo lançamento. “Frozen” era um filme B da Disney, desenvolvido sem um grande orçamento, mas que inovou ao trazer uma história de princesas focada no relacionamento entre irmãs ao invés do amoroso, que mesmo presente, tem menos relevância. O resultado foi uma bilheteria de mais de 1 bilhão de dólares, a maior da Disney até então, e a criação da franquia mais lucrativa da história do estúdio. 

Em seguida, “Operação Big Hero” foi lançado, apostando em uma história de super heróis. Um traço importante dessa era, que já havia aparecido em outros filmes e se repete aqui, é a questão da representatividade e de retratar as diferenças, algo que também aparece em “Zootopia”

Uma era muito importante para a Disney, que a restabeleceu no mercado, finaliza com uma princesa. “Moana” traz novamente a questão da representatividade e é o primeiro filme do tipo a não ter um príncipe. 

A Nova Era ou a Era dos Streamings da Disney (2018- atualmente)

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O mais recente ganhador do Oscar "Encanto", de 2022 (Imagem: Divulgação/ Disney)

A nova era da Disney ainda está em formação, mas dois pontos importantes já são perceptíveis: as continuações, a onda de live actions e a importância do streaming. É aqui que a Disney lança o seu próprio serviço, o “Disney +”. 

Os dois primeiros filmes da era foram sequências de obras já de grande sucesso. “Wi-FI Ralph” trouxe de volta o público do primeiro filme, e mesmo com um roteiro considerado mais fraco que o original, atraiu os espectadores. Já “Frozen 2” repetiu e até mesmo superou o sucesso do seu antecessor, garantindo mais duas continuações, sendo o terceiro filme confirmado e o quarto vindo de um rumor. 

Também houve apostas em filmes originais. “Raya e o último dragão”, um filme de princesa fora dos moldes já estabelecidos, tendo sequer músicas, acabou passando batido, o que não pode se dizer de “Encanto”, um sucesso inesperado. Mas nada se compara a “Mundo Estranho” , um filme boicotado e esquecido até mesmo pela própria Disney, que não apostou em seu marketing.

O próximo lançamento desta era será “Wish: O Poder dos Desejos”, o filme de comemoração aos 100 anos Disney, que trará uma princesa aos moldes clássicos, com um vilão que lembra os marcantes da Era da Renascença, músicas, uma animação que mistura as técnicas de 2D e 3D e  diversas referências aos filmes que marcaram a história do estúdio desde “A Branca de Neve”. No Brasil, podemos acompanhar o resultado final em 4 de Janeiro de 2024.  

Arte promocional de Asha, protagonista de Wish: O Poder dos Desejos (Imagem: Divulgação / Disney)

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