Hades 2 nasceu com um desafio particular dos roguelikes, roguelites e soulslike: criar uma sequência que não seja repetitiva. Claro, toda sequência enfrenta esse desafio — o jogo precisa ser mais do que o anterior e, ao mesmo tempo, não pode abandonar o formato original que fez o público se apaixonar pela obra original.
O jogo anterior já havia ascendido às listas de melhores indies graças à sua originalidade estética e narrativa, ao carinho com que tratou sua mitologia de base e à trilha sonora marcante. Mas a história de Zagreu também se destacava por se justificar como um roguelike.
Os jogos do gênero funcionam a partir da morte dos personagens principais: só avançam se o jogador for capaz de engolir a frustração, apertar o botão de replay e começar quase do zero. Quase, porque os jogos dessa categoria costumam oferecer pequenos upgrades permanentes ao jogador para a próxima run.
Hades, porém, adicionava uma camada narrativa a essa estrutura — afinal, sua história gira em torno de um deus ctônico que, por sua própria natureza, é incapaz de morrer. Cada vez que o modelo 3D do jogador cai nas águas do Estige, quem segura o controle não precisa fingir que as interações e conquistas da última tentativa não existiram.
Como repetir isso sem cair na mesmice? A resposta de Hades 2 foi simples: não tentar repetir.
Melinoe não é Zagreu — nem em termos de história, nem de jogabilidade. As armas lembram algumas mecânicas do original, mas suas estratégias, melhorias e o uso de mana fazem o jogador desenvolver formas completamente novas de lidar com os inimigos.
Os boons — os power-ups da personagem, que vão além das armas e alteram status ou criam novas dinâmicas de ataque — também são totalmente diferentes.
Os cenários são novos: Érebo, Oceano, Campos do Luto e Tártaro trazem ambientações inéditas, que renovam a experiência de quem se apaixonou pelo primeiro título.
Outra novidade é o mundo acima do Hades — desta vez, temos um vislumbre da terra governada pelos deuses da mitologia grega. E aqui o jogo também foge da mesmice da indústria do entretenimento ao retratar a Grécia Antiga: nada de estátuas pálidas, mármore e grandes templos cor de marfim. O mundo grego de Hades 2 atravessa uma catástrofe — e essa Grécia parece mais com um submundo do que com o cenário do primeiro jogo.
Por enquanto, ainda não terminamos a linha principal da história, mas este texto será atualizado dentro de uma ou duas semanas para tratar desse ponto.
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