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Quem foi Joana Paz? Conheça a história por trás de “Vitória”

Por Giovanna Moretti Rodrigues

Após o sucesso de Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de “Melhor Filme Estrangeiro” em 2025, o Globoplay lançou seu segundo filme original. Com arrecadação de mais de R$13,42 milhões em bilheteria, a produção brasileira Vitória conquistou o público, passando a ser o filme nacional mais visto da temporada. 

O filme, baseado em uma história real, traz para as telas Fernanda Montenegro como Joana da Paz. O elenco também conta com Alan Rocha, Thelmo Fernandes, Linn da Quebrada e mais estrelas. Além disso, é inspirado no livro do jornalista Fábio Gusmão intitulado Dona Vitória Joana Da Paz.

Na produção dirigida por Andrucha Waddington, genro de Montenegro, podemos acompanhar Vitória, uma senhora solitária que começa a se sentir cada vez mais aflita com a violência em sua vizinhança. Para tentar ajudar, ela passa a filmar da janela de seu apartamento a movimentação de traficantes de drogas policiais corruptos na região.

Mas afinal, quem foi Joana?

Joana nasceu em Alagoas, teve uma infância pobre e trabalhou como empregada doméstica desde cedo. Sua mudança para o Rio aconteceu por causa de uma oportunidade: enquanto trabalhava para uma família no Nordeste, um parente deles, que precisava de uma empregada doméstica no Rio, fez a proposta.

A mulher aceitou e seguiu para a nova cidade. Em Copacabana, comprou seu apartamento quando o morro ainda não era favela e, com o passar dos anos, viu o tráfico crescer diante de sua janela.

Joana com a câmera usada nas gravações (Reprodução/Redes Sociais)

As cenas gravadas por sua câmera em 2004, quando tinha 80 anos, revelavam o dia a dia dos traficantes — armas, assassinatos e a rotina do tráfico, além de expor a corrupção de policiais, que eram pagos para manter o silêncio. Segundo Fábio Gusmão, Joana discutia com os criminosos e chegou a ter marcas de tiro em sua janela.

Cansada da violência, ela procurou diversas vezes as autoridades, mas nunca teve suas gravações levadas a sério. Até que, por meio de uma fonte na Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil, o jornalista Fábio Gusmão soube das fitas que haviam sido deixadas na delegacia. 

Apesar do conteúdo ser essencial para uma grande denúncia, a publicação exigia cautela. O apartamento de Dona Joana ficava muito próximo ao ponto de tráfico, o que colocava sua vida em risco.

O nascimento de Vitória

Em 2023, aos 97 anos, após dez dias de internação devido a um acidente vascular cerebral, Joana Zeferino da Paz se despediu da vida. Foi aí que após quase 17 anos que o jornalista Fábio, através do jornal EXTRA, pôde revelar a verdadeira identidade de quem o Brasil apenas conhecia como Dona Vitória, agora dando nome e rosto à mulher que enfrentou o crime organizado e a omissão das autoridades.

Agora, a exibição da história de Joana nas telas ajuda a sociedade a olhar com mais atenção para casos como o seu. Sua coragem diante da violência e da corrupção torna-se exemplo para aqueles que se recusam a se calar, mesmo quando o perigo bate à porta, provando que a coragem não precisa de plateia para fazer história.

Este texto foi escrito por Giovanna Moretti Rodrigues e editado por Julia Pujar.

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