Conhecido por suas roupas vermelhas e sua sede por mel, o Ursinho Pooh é um dos personagens mais queridos dentre as centenas de ícones da Disney. O personagem, no entanto, tem sua origem datada em pouco mais de 35 anos antes de seu licenciamento pela empresa: criado na década de 1920 pelo escritor inglês Alan Alexander Milne e pelo ilustrador Ernest Howard Shepard, Pooh aparece pela primeira vez no livro “When We Were Very Young”, composto por poemas infantis. Apesar dos animais falantes, as histórias do urso não contém uma lição de moral direta, já que não são fábulas. Mas A.A. Milne não sabia que sua criação poderia ter algo a ensinar — mesmo que quase 100 anos depois.
Graças à lei de direitos autorais nos Estados Unidos, que protege o uso de personagens por 95 anos a partir de sua publicação, o urso caiu em domínio público, possibilitando a exploração criativa por parte das mais diversas mentes, como em Ursinho Pooh – Sangue e Mel (2023). Rhys Frake-Waterfield, um produtor de filmes de terror trash, viu a oportunidade de utilizar o apelo do querido personagem para a produção do longa. O diretor investiu cerca de US$100.000 e rodou o filme em dez dias. Nessas condições, não é possível esperar muito da obra. Surpreendentemente, a produção arrecadou um valor milionário durante sua exibição nos cinemas — US$7,7 milhões. Apesar de enriquecer o diretor, o filme passa longe de ser um sucesso, entregando exatamente o que se espera de uma produção trash: atuações despretensiosas, caracterizações toscas e apelo para o sangue.
Apesar de entregar uma obra digna de figurar em listas de “piores filmes do ano” — o filme ganhou todas as categorias que concorreu na tradicional “Framboesa de Ouro” — Frake-Waterfield se viu no direito de estabelecer uma sequência, agora com um orçamento cinco vezes maior, e, não satisfeito, um “universo expandido”. Em Ursinho Pooh – Sangue e Mel 2 (2024), no entanto, os 500 mil dólares são suficientes para corrigir a falta de apuro do primeiro filme, com atores de verdade escalados e as caracterizações dos animais caricatos substituídas.
Mesmo com a melhora significativa, o filme segue nos padrões de um filme de terror trash de baixo orçamento. É aí que entra um ponto de suma importância: a régua do primeiro filme é tão baixa que valoriza o básico. É impossível criar qualquer expectativa em uma continuação de um filme que nunca escondeu seu caráter caça-níquel e apresenta pouca vontade de se desenvolver. Essa falta de expectativa é a responsável por colocar o espectador em um ângulo que transforma a obra em algo que aparenta ser muito maior. É daí que se pode tirar uma grande lição: não é possível se decepcionar com algo de que você não espera nada.
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Um comentário
Eu não esperava nada de Ursinho Pooh 2 e mesmo assim decepcionei, porque que história mais tirada do c* foi aquela. Ok, eu esperava um Tigrão pulando sobre o próprio rabo também e ele não fazer isso me chateou, kkkkkk